Promotor
Fundação Inatel
Sinopse
TEMPS D'IMAGES LISBOA NO TRINDADE
Um texto cheio de aspas a propósito de O Duplo.
O Duplo é um dos espetáculos mais radicais da mala voadora. “Radical” não significa “esquisito” ou “hardcore”. “Radical” é um adjetivo relativo a raiz, tal como o verbo “radicar”. Um espetáculo de teatro será radical se especular sobre a raiz de “teatro” – não a raiz no sentido de “origem” (não nos interessa o “primordial”, ou a ideia mitificadora de que na origem das coisas se encontra uma qualquer “autenticidade” ou “verdade”), mas no sentido de definição de “teatro”. Um espetáculo é radical se, de algum modo, tiver como alvo a própria definição de “teatro”. E isto não é uma defesa da radicalidade, nem o seu contrário. Afastamo-nos e aproximamo-nos da radicalidade de acordo com a raiz do projeto que tivermos em mãos.
O Duplo é um “espetáculo sem texto”. Para além de um protagonista imóvel e calado, só há um fundo e uma banda sonora. O fundo é uma projeção, e a banda sonora é interpretada ao vivo. Ambos têm como referência o cinema: todas as músicas são referentes a personagens e, no vídeo, em várias sequências de cenas retiradas de dezenas de filmes, personagens vão sendo descritas, mandadas matar, homenageadas após a sua morte e, por fim, numa sequência de 20 minutos, mostradas a morrer. Dissemos, em 2009 quando o espetáculo estreou, que O Duplo era “um impasse distrativo em torno da possibilidade da personagem”, e comparámos a popularidade do Super-Homem com a de Hamlet, ou a da Barbie com a da Mãe Coragem. (Provavelmente, na altura estávamos mais contra as “personagens” do que agora.)
O Duplo estreou no Pequeno Auditório do CCB, com apresentações a 6 e 7 de novembro de 2009, no âmbito do Festival Temps d’Images, e foi seguidamente apresentado no Negócio-ZDB de 11 a 14 de novembro. Seis anos mais tarde, volta agora a ser apresentado no âmbito do Festival.